O TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo – é muito conhecido pelo público em geral pelos comportamentos apresentados por portadores do transtorno, as chamadas compulsões. A parte mais desconhecida do transtorno são as obsessões, que são pensamentos intrusivos de conteúdo considerado repulsivo pelo portador do transtorno.
As obsessões, portanto, são pensamentos que aparecem de forma espontânea na mente das pessoas e a forma como elas se apresentam é vista como intrusiva. Não é um pensamento que as pessoas escolhem ter, muito pelo contrário, são pensamentos que causam enorme sofrimento em quem os tem justamente pelo seu conteúdo, que é algo repudiado pelo portador do TOC.
Alguns conteúdos mais comuns das obsessões podem ser:
- Agredir pessoas próximas, como filhos, pais, esposa ou marido;
- Esquecer de fazer algo, e isso provocar um evento catastrófico, como esquecer de desligar o gás ou de trancar a porta;
- Conteúdo sexual impróprio;
- Germes e contaminação.
O funcionamento das obsessões é muito simples. Esse pensamento surge e, automaticamente, é julgado como impróprio, pois naquele momento o pensamento é associado a uma ação.
Exemplo: se imaginar fazendo algo muito embaraçoso.
Nesse caso, enquanto o pensamento é julgado como ruim, outros julgamentos começam a aparecer:
- Eu devo ser uma pessoa ruim se estou imaginando isso.
- Se tenho esse pensamento posso realmente fazer isso.
Isso tudo é agravado com a necessidade de um reasseguramento, ou certeza de que realmente não irá fazer algo. Quem tem o pensamento sente que precisa de 100% de certeza que não irá fazer algo.
Ou no exemplo: Será que desliguei o gás, se eu não desliguei a casa pode explodir.
Essa obsessão gera uma necessidade de ter 100% de certeza se desligou o gás e isso provocará comportamentos subsequentes. A pessoa volta checar o gás, mas logo depois fica com dúvidas:
- Mas será que eu realmente desliguei?
- E se por acaso não virei a alavanca até o final?
- Posso ter me enganado e virado para o lado errado.
Isso gera outro comportamento de checagem, e assim por diante.
Depois de um tempo, os comportamentos fazem com que o pensamento suma, mas de forma breve e ele retorna novamente. Isso acontece pois todos esse mecanismos são extremamente ineficientes nesse caso. Na realidade, eles provocam o efeito contrário, eles fazem com que o pensamento grude.
Pessoas que não desenvolvem TOC também tem esse tipo de pensamentos, o que faz com que elas não desenvolvam TOC é justamente a sua abordagem desses pensamentos. Elas costumam considerá-los apenas pensamentos, que não contém dados de realidade sobre elas mesmas ou sobre o que elas farão a seguir. Nesse caso, essas obsessões tem uma tendência a se dissipar e aparecer apenas esporadicamente.
Importante!
Como você acabou de ver, esse tipo de pensamento passa pela cabeça de todas as pessoas e não confirmam um diagnóstico de TOC tê-los esporadicamente. Ter alguns comportamentos de checagem também não se configura como TOC. Para o diagnóstico do transtorno é necessário que esses pensamentos sejam recorrentes e causem sofrimento significativo.