Muitas vezes você vê a todos como lentos ou incompetentes?
Ou quem sabe percebe que ninguém entende você?
Todo mundo parece te julgar o tempo todo?
Isso pode falar bem mais de você que dos outros!
Desde quando nascemos, ou até antes disso, estamos coletando informações sobre o nosso ambiente e como lidar com ele. Essas informações estabelecem um modelo de como lidar com determinadas situações, assim é possível utilizar desse conhecimento armazenado ao enfrentar uma situação similar no futuro. Isso nada mais é que aprender a lidar com as situações.
Sem esse mecanismo de aprendizado não seria possível realizar as atividades do cotidiano, seria necessário aprender coisas básicas como ir ao supermercado novamente a cada ida. Esse mecanismo trabalha a partir de generalizações, eu aprendi que se não tenho comida em casa preciso ir ao supermercado, eu não fico me perguntando toda vez que o armário está vazio se há um lugar melhor para encontrar comida.
Generalizações são extremamente práticas quando pensamos em atividades cotidianas, porém, em se tratando de estratégias psicológicas a repetição de aprendizados sem um questionamento sobre sua validade atual pode trazer muitas dificuldades. Crianças aprendem sobre como as pessoas se relacionam com elas, o que elas precisam e o que elas fornecem em troca. O modelo básico de comportamento das crianças são os pais e os adultos próximos, eles são a base do desenvolvimento do conceito de pessoa que irá se consolidar e ser ativado toda vez que houver uma situação semelhante. E a forma que esses adultos a veem modela diretamente a visão que a criança tem de si.
Toda vez que um adulto lida com pessoas ele utiliza o mesmo conceito de si e dos outros que está armazenado na sua memória e esses conceitos tem influência direta na interpretação da situação e em sua reação. Tomando o exemplo de uma criança que sempre foi muito exigida é criticada, ela pode ter visto a si como incapaz e aos outros como julgadores e juntamente com isso ter aprendidos pressupostos bastante rígidos sobre como uma pessoa deve se comportar. O conceito de si e dos outros é formulado a partir dessas vivências e passa a ser considerado sem questionamento algum de sua veracidade a partir disso. Esses conceitos dificilmente se apresentam de forma clara à consciência, eles apenas influenciam os pensamentos apresentados durante as interações. Como ferramentas guia das interações os pensamentos muitas vezes não tem sua veracidade questionada, ao surgirem, automaticamente são considerados verdadeiros.
Relembrando que é exatamente essa sua função biológica, fornecer informações que facilitem a interpretação dos eventos e possibilitem uma reação rápida. Mas em se tratando de situações extremamente complexas como relacionamentos sociais, pré concepções podem ser bastante prejudiciais.
Esclarecendo:
Fonte: Priscila Rech
Lembre se que isso é uma generalização, se desenvolve através da maior parte das interações infantis e aparece na maior parte das interações adultas.
Se você vê uma pessoa de uma forma isso pode falar dela, se você vê a maioria das pessoas de uma forma isso pode falar de você.
Referências:
Young, J. E. (2008). Terapia do Esquema: Guia de técnicas cognitivo comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed.
Young, J. E., & Klosko, J. S. (1994). Reinventing your life: The breakthrough program to end negative behavior…and feel great again. New York: Plume Book.
Foto: Unplash