Ao falar sobre comunicação, a primeira coisa que alguém precisa saber é: comunicação vai muito além das palavras. Há toda uma gama de interações não verbais que são extremamente importantes para a comunicação – se não mais importantes que as interações verbais. Ao fazer uma análise das interações humanas, é muito importante levar isso em consideração, já que muitas vezes o que é falado contradiz o que é expressado não verbalmente.
Levando tudo isso em consideração, a comunicação humana é sempre dirigida a um objetivo, esse objetivo pode ser:
- Conseguir o que você quer: deixando bem claro que isso não é no sentido manipulador de conseguir o que você quer e sim se fazer entender e, dentro de limites óbvios, satisfazer suas necessidades. Por exemplo, quando você pede para alguém alcançar um objeto pra você ou convida alguém pra sair.
- Manter ou melhorar o vínculo: uma boa parte da comunicação é feita com o objetivo de deixar suas relações com os outros mais próximas. Isso acontece quando você pergunta a um amigo como ele está ou oferece apoio para alguém que está com dificuldades.
- Autocuidado: esse é o exemplo de assertividade que eu citei na postagem sobre a raiva. Muitas vezes não vai ser possível conseguir o que você quer e nem melhorar o vínculo com algumas pessoas. Em alguns casos, o objetivo será somente não permitir uma agressão ou invasão nos seus limites.
Dito tudo isso, depois de traçado um objetivo para a interação – e muitas vezes isso é feito automaticamente pelo nosso cérebro – também é traçado um curso de ação para atingir esse objetivo.
Parece simples: “eu quero sair hoje à tarde, portanto vou convidar meu parceiro pra sair comigo”.
Mas não é tão simples. Muitas vezes, o comportamento gerado por essas necessidades é o menos produtivo na situação. Isso acontece pela interação das necessidades com os padrões comportamentais gerados pelos esquemas disfuncionais. Basicamente, os padrões comportamentais fazem com que você tenha o comportamento contrário do necessário para suprir sua necessidade.
Algumas formas de comportamento:
- Ficar bravo, emburrado e/ou com a cara fechada: você queria sair com o seu parceiro, mas tem notado ele distante ultimamente. O pensamento automático “ele nunca quer sair mesmo” passa pela sua cabeça e você simplesmente fica emburrado sem nem ter feito a tentativa de chamar pra sair. Olhando do ponto de vista do outro, ele até percebe que você está emburrado, mas pode não ter a mínima ideia do que provocou isso. Muitas vezes ele também pode ficar bravo com esse seu comportamento. Então as chances de você conseguir o que queria, que era sair com ele, reduzem drasticamente. E tudo o que temos nesse caso são duas pessoas ressentidas uma com a outra.
- Cutucadas e/ou comportamento passivo agressivo: nesse caso, você também não comunica claramente, mas dá cutucadas a respeito da situação. “Vai lá sair com os teus amiguinhos” ou cutucadas menos explícitas como “patadas” a qualquer fala do outro. Nesse caso, se o outro puder perceber quais são as suas necessidades, ele ainda assim pode estar furioso com esse comportamento e, novamente, você não consegue o que precisava.
- Comportamento assertivo:como você pode resolver tudo isso? Você simplesmente comunica de forma clara e calma o que você precisa. Exemplificando isso:
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Eu tenho sentido você muito distante e gostaria que fizéssemos algo juntos, como sair hoje a tarde.
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Eu sei que combinamos de ir ao cinema juntos, mas eu estou muito cansado hoje, poderíamos ir amanhã?
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Eu estou chateado porque eu tenho feito a maior parte da limpeza da casa, precisamos conversar e dividir tudo novamente.
Parece super simples, mas quando nossos sentimentos e padrões de comportamento estão envolvidos nessa situação, fica muito mais difícil ter um comportamento assertivo. Se de uns minutinhos para pensar:
- Como estou me sentindo?
- O que eu preciso para me sentir melhor?
- Como eu consigo isso?
Entenda que é possível ter o comportamento mais assertivo mesmo quando for difícil. É necessário exercitar agir contra o impulso inicial provocado pelos sentimentos momentâneos, e isso pode ser feito ao identificar o que está sentindo, qual é sua necessidade atual e qual a melhor forma de consegui-la.
Foto: Dwight Tracy